Mudanças Fisiológicas

A fisiologia dos mamíferos marinhos pode ser afectada pelas atividades humanas, o que pode contribuir para compreender se essas mudanças podem alterar as taxas de reprodução e de sobrevivência das populações residentes.

 

Imagem4

Saúde genética

Será feita genotipagem por sequenciação dos golfinhos-roazes dos Açores, Madeira, Portugal continental (incluindo estuário do Sado), Galiza, Golfo de Cadiz e Estreito de Gibraltar, para inferir a subestrutura populacional. Isto permitirá a definir as diferentes unidades de gestão (Mus) presentes na região, níveis de endogamia e aferir sobre a história das suas dinâmicas e padrões direccionais de conectividade. Recorrendo a marcadores potencialmente sob selecção, podemos também obter informação sobre a “saúde genética” das diferentes populações e indivíduos amostrados.

A variação genética é a base da evolução, permitindo aos organismos adaptarem-se à mudança das condições ambientais. A migração e a mutação pontual aumentam a variabilidade genética, mas selecção por factores como doença ou alterações climáticas conduzindo a menores taxas de sobrevivência, pode provocar um efeito gargalo e reduzir a variabilidade genética. Hoje em dia a utilização de marcadores genéticos, como os polimorfismos de nucleotido único (SNPs), permite a descrição da diversidade genética. Estudos recentes têm revelado o seu potencial para inferir estruturas populacionais (particularmente em escalas espaciais finas, onde a estrutura populacional pode ser fraca), para estimar fluxo genético e para examinar conectividade populacional que anteriormente não era identificada com as abordagens tradicionais. Estes dados permitem (i) identificar unidades de gestão (MUs), (ii) reconstruir eventos importantes da história demográfica das populações, (iii) identificar regiões genómicas sob selecção, (iv) níveis de endogamia.

Para obter os melhores resultados de conservação para muitas espécies, é necessário considerar a divisão de populações em unidades de gestão (MUs) mais pequenas. MUs devem ser baseadas no melhor conhecimento disponível sobre a estrutura das populações biológicas e de qualquer diferenciação ecológica dentro dessas populações. As MUs necessitam ser aferidas consistentemente para as especies chave dos cetáceos nas águas Portuguesas. Neste caso, a espécie mais representativa é o Golfinho-Roaz, principalmente devido á ubiquidade da sua distribuição nas nossas águas.

Contaminantes

Os Mamíferos Marinhos podem também ser usados como indicadores de poluição. Poluentes Orgânicos Persistentes, como os Bifenilos Policlorados (PCBs) e DDTs, chegam aos organismos marinhos principalmente através da cadeia alimentar (Bioamplificação) e são acumulados nos tecidos gordos (Bioacumulação), devido às suas propriedades fisico-químicas. De particular importância é a transferência de parte da carga corporal de contaminantes das fêmeas para a sua prole, quer por transferência trans-placental ou por transferência pós-natal via lactação. Ainda não existe informação sobre os níveis de poluentes e o seu impacto em cetáceos oceânicos, embora a expectativa é de que os níveis sejam menores do que em áreas mais próximas do continente europeu.

O META irá medir os níveis de vários PCBs em golfinhos-Roazes doa Açores, Madeira e Portugal Continental, Cachalotes dos Açores e Baleias Piloto da Madeira.

Hormonas de Stress

Para melhor estimar o impacto a longo prazo de WW, os níveis de hormonas de stress serão medidos. Na Madeira, actividades WW decorrem durante todo o ano, embora existam zonas de exclusão da atividade e serão recolhidas amostras em golfinhos roazes e baleias piloto em ambas as zonas. Nos Açores, WW é uma atividade sazonal mas a permanencia de cachalotes durante todo o ano permitirá que sejam amostrados sem a ocorrência de WW.

Tanto na Madeira como nos Açores as hormonas de stress serão medidas com recurso a duas metodologias. Serão recolhidas amostras de sopro (ar expirado) dos animais com recurso a uma vara ou a um drone equipado com uma placa de petri que irá recolher as gotículas do sopro, a partir das quais as hormonas podem ser extraídas. O segundo método é a análise dos níveis de hormonas de stress na camada de gordura de cetáceos vivos. Os níveis de hormonas de stress dos individuos amostrados, dentro e fora da área de WW, será comparado.